Ainda é possível viajar tranquilamente de bonde em Campo Grande. Mas sem sair do lugar. Basta embarcar numa das seis réplicas estacionadas no quintal do motorista de caminhão Luis Damásio, no bairro, para conhecer melhor os anos de ouro deste meio de transporte, num passeio histórico.

Quem tem passe livre na casa de Damásio sai na frente. Quem não tem, pode apreciar os bondes em miniatura nas exposições do bairro para onde costumam seguir. Cada réplica, baseada em fotos, levou pouco mais de um mês para ser construída, pelo próprio Damásio.

— Eu fiz os bondes, mas não sou artista plástico. Cismei de fazê-los. E ganhei algumas fotos do seu Waldemar, na época, o maior colecionador da história dos bondes no Brasil. Outras consegui com seu Jessé, ex-motorneiro — destaca Damásio.

E mostra a réplica do primeiro bonde a circular no bairro, puxado por burros e que saía da Estação de Campo Grande com destino a Santa Clara, um sub-bairro hoje pertencente à Guaratiba. Em 1912, havia sete desses bondes.

Outro bonde, de cor prata, difere dos modelos tradicionais. É um dos que chegaram ao bairro quando o transporte foi desativado, no Centro do Rio. Em foto, tem até o bonde funeral, que levava os caixões do bairro.

— Os bondes deveriam voltar a circular. O bairro perdeu sua identidade.

Fonte: Jornal Extra